EDUCAÇÃO

Corte no Ciência Sem Fronteiras representa visão míope de Temer

Para especialista, o Brasil não pode continuar com um pensamento restrito de que ciência se faz apenas na pós-graduação
05/04/2017 04h33 – atualizado às 11h47
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ministério da Educação tem visão equivocada da pesquisa

“O Brasil precisa acabar com a culturade que a ciência se faz só na última etapa”, afirma o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, em relação à manutenção das bolsas do programa Ciência Sem Fronteira (CSF) apenas para pós-graduação, cortando o financiamento para intercâmbio da graduação.

Segundo Cara, que também é doutorando na Faculdade de Educação da USP, “o aluno de graduação que faz intercâmbio é muito mais preparado a fazer boa pesquisa de pós do que o que nunca viajou”. Para ele, o Brasil não pode continuar tendo um pensamento restrito de que ciência se faz apenas na universidade. “Ciência começa no Ensino Básico”, afirma.

“Eu estudei o Ciência Sem Fronteiras e militei em defesa do programa na perspectiva de que precisava sofrer alterações”, conta Daniel. Para ele, o CSF poderia promover um intercâmbio entre diferentes regiões do Brasil e se estender a mais áreas do conhecimento, mas precisava também de maior controle e visão estratégica. “A ideia do Ciência Sem Fronteiras é preciosa, o Brasil não alcançará a autonomia cientifica sem um programa como esse”, defendeu Cara.

A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), ressaltou que “outros países, entre os quais aqueles que os conservadores tanto admiram, os países asiáticos, os tigres, todos eles têm programas que enviam seus jovens graduandos para potências científicas”.

Segundo Salomão, “esse processo de imersão é qualificante, é um processo que diferencia”. Ela ainda ressalta que o programa não é invenção brasileira, visto que há sistemas análogos em países como Coréia e Japão.

A deputada mineira ainda ressalta que “o corte nesse programa mais uma vez representa a mediocridade de quem hoje está à frente do Ministério da Educação”.

Para Daniel Cara, “o problema do governo Temer é ser incapaz de corrigir o que estava dando errado. É um governo ilegítimo que só tem uma pauta, a destruição. Por isso é preciso alcançar logo eleições diretas ou ter a sorte de atravessar os dias até 2018 para ter um governo legítimo”.

Outros cortes

No final de 2016, o governo golpista de Temer cortou em 50% as verbas para asolimpíadas escolares de conhecimento – de Matemática, Astronomia e História, entre outras. Maior competição do gênero no País, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) é financiada pelo Instituto Nacional de Matemática Aplicada (Impa) e custa cerca de R$ 50 milhões. Além da competição, a Obmep também tem cursos de formação e capacitação para professores de Matemática, que também sofreram com a redução de custos.

Neste semestre, o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), sofreu corte em 29% das bolsas concedidas. Também foi reduzido o limite de financiamento por curso, de R$ 42 mil para R$ 30 mil a cada semestre, dificultando a vida de quem busca o financiamento para cursos mais caros como os de Medicina e Odontologia.

A presidenta da UNE, Carina Vitral, comentou que quem mais precisa do programa será a maior vítima. “O impacto maior será na vida dos mais pobres, sem o financiamento não há possibilidade desse jovem acessar o Ensino Superior”, alerta.

Por Pedro Sibahi, da Redação da Agência PT

(Leia matéria original aqui .)

MEC apresenta terceira e última versão da Base Nacional Comum Curricular

Por:

Laís Semis

Laís Semis
06 de Abril 2017 – 11:03

Depois de um longo processo de debates, seminários, consulta pública, leituras críticas e relatórios iniciado em 2013, o Ministério da Educação (MEC) apresenta na manhã desta quinta-feira (6/4) a terceira e última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento, que guiará a produção dos currículos de todas as escolas brasileiras nos próximos anos, será entregue para o Conselho Nacional de Educação (CNE). A partir de agora, o órgão é o responsável por elaborar um parecer e um projeto de resolução (a terceira versão com eventuais alterações) antes da homologação, prevista para o final deste ano (saiba quais são os próximos passos aqui).


Uma das principais mudanças trazidas pela terceira versão do documento em relação à anterior é a definição de que as crianças devem estar plenamente alfabetizadas até o final do 2º ano do Fundamental. Atualmente, é esperado que isso aconteça no 3º ano, quando as crianças têm, em média, 8 anos. Essa idade foi definida pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), em 2012. Nos próximos dias, NOVA ESCOLA publicará mais informações sobre o que foi alterado de uma versão para a outra. Acompanhe.

Base não é currículo
Maria Helena Guimarães, secretária executiva do MEC e presidente do Comitê Gestor da BNCC, reforça que a Base não é sinônimo de currículo, mas uma referência nacional do que é considerado fundamental para o processo de ensino e aprendizagem nas escolas públicas e privadas brasileiras. Resumidamente, o texto define os conhecimentos essenciais, direitos e objetivos de aprendizagem de todos os estudantes do país. Para o MEC, a existência de um documento como esse garantirá a equidade dos conhecimentos trabalhados em todos os municípios e estados. A expectativa é que processos de transferência de alunos entre escolas do país não interfira no seu processo de aprendizagem. “A Base estabelece conhecimentos progressivos que devem ser trabalhados ano a ano na Educação Básica. Ela vai organizar o sequenciamento dos conhecimentos e suas habilidades”, diz Ricardo Coelho, diretor de programas do MEC.

O texto entregue nesta quinta-feira trata apenas da Educação Infantil e Ensino Fundamental – as discussões sobre o Ensino Médio, adiadas por conta da reforma da etapa, já foram retomadas e a previsão de finalização do processo de construção das diretrizes sobre os últimos anos da Educação Básica é o segundo semestre deste ano. “Para o Ensino Fundamental, o documento estabelece o que deverá ser desenvolvido do 1º ao 9º ano a partir de dez competências gerais. Essas competências se traduzem em conteúdos e habilidades dentro de cada área do conhecimento”, explica Maria Helena. A ideia é que o Ensino Médio também siga essa organização. Para a Educação Infantil, a divisão se dá por faixas etárias e cinco campos de experiências, que tratam sobre identidade, movimento, oralidade, escrita, sons, cores, espaços e tempos.

(Leia matéria original aqui .)