ABSURDO

Sem internet, chuveiro e com infiltrações e campo enlameado: como é o pior estádio do Brasileiro

ESPN.com.br

Publicado em 30/05/2017, 13:55

Atualizado em 30/05/2017, 14:04

GAZETA PRESS

O meia Jadson em ação pelo Corinthians no Serra Dourada
O meia Jadson em ação pelo Corinthians no Serra Dourada

Em três jogos, três derrotas, apenas um gol marcado e oito sofridos.

 Talvez soe precipitado, mas os números põem o lanterninha Atlético-GO, que faturou a Série B na última temporada, como candidato forte ao rebaixamento.

Para piorar, os problemas do clube não estão restritos apenas à parte técnica. Não dá para dizer que ele conte com o apoio de sua casa, o Serra Dourada, na briga para afastar o risco de voltar para a Segundona. Com duas derrotas diante de seus torcedores na arrancada do Brasileiro, os comandados de Marcelo Cabo sofrem com a falta de estrutura do estádio.

Ela ficou evidenciada no relatório feito pelo delegado do jogo contra o Flamengo, na segunda rodada, em 20 de maio.

Na ocasião, Adalberto Grecco não poupou críticas ao principal palco goiano.

O fiscal identificou nada menos do que 13 problemas no local. É um número superior à média do acompanhado em outros relatórios da competição na nova iniciativa da CBF.

Conforme Grecco, as condições não poderiam ser mais inóspitas para as equipes.

REPRODUÇÃO

Relatório feito pelo delegado do jogo entre Atlético-GO e Flamengo
Relatório feito pelo delegado do jogo entre Atlético-GO e Flamengo

Não existe área de aquecimento nos vestiários, sinal de internet é uma mordomia e os chuveiros estão danificados.

O gramado do Serra Dourada não é molhado seguindo o cronograma pedido pela CBF porque “ficaria enlameado”, de acordo com o delegado na vitória de 3 a 0 do Fla sobre o Atlético-GO. A área de banheiro, chuveiros e sanitário está sem iluminação e com lâmpadas queimadas enquanto que não existem armários para toda a delegação.

Nem mesmo o número mínimo de seis lixeiras é atendido.

A casa do Atlético-GO foi ainda denunciada pela “presença de publicidade não autorizada ou conflitante”.

“A faixa colocada pela torcida uniformizada do Atlético C. G. no parapeito entre a antiga geral e a arquibancada leva o logotipo e o nome da empresa Águia Industrial Química, empresa essa de industria de materiais de limpeza e que dá esta faixa pra torcida”, escreveu Adalberto Grecco.

A situação não chega a ser novidade no país.

Nada foi feito para melhorar.

Em artigo recente publicado no jornal Diário da Manhã, um dos principais de Goiânia, ele é detonado.

“O Estádio Serra Dourada tá um lixo só. Nada é bom. estacionamento escuro e consequentemente perigoso, a saída das arquibancadas para áreas de alimentação é um breu total. Não há o mínimo de condições de sentar naquela imunda arquibancada, ou, nas nojentas cadeiras. Quando vou ao jogo e volto pra casa, parece que estou chegando de uma longa pescaria. A calça que uso, fica toda manchada e imunda”, disparou um leitor da publicação.

A princípio, somente os grandes sofrerão no Serra.

O Atlético-GO irá mandar jogos de menor apelo na competição no estádio Olímpico, também em Goiânia.

(Ver matéria original aqui.)

Corte no Ciência Sem Fronteiras representa visão míope de Temer

Para especialista, o Brasil não pode continuar com um pensamento restrito de que ciência se faz apenas na pós-graduação
05/04/2017 04h33 – atualizado às 11h47
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ministério da Educação tem visão equivocada da pesquisa

“O Brasil precisa acabar com a culturade que a ciência se faz só na última etapa”, afirma o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, em relação à manutenção das bolsas do programa Ciência Sem Fronteira (CSF) apenas para pós-graduação, cortando o financiamento para intercâmbio da graduação.

Segundo Cara, que também é doutorando na Faculdade de Educação da USP, “o aluno de graduação que faz intercâmbio é muito mais preparado a fazer boa pesquisa de pós do que o que nunca viajou”. Para ele, o Brasil não pode continuar tendo um pensamento restrito de que ciência se faz apenas na universidade. “Ciência começa no Ensino Básico”, afirma.

“Eu estudei o Ciência Sem Fronteiras e militei em defesa do programa na perspectiva de que precisava sofrer alterações”, conta Daniel. Para ele, o CSF poderia promover um intercâmbio entre diferentes regiões do Brasil e se estender a mais áreas do conhecimento, mas precisava também de maior controle e visão estratégica. “A ideia do Ciência Sem Fronteiras é preciosa, o Brasil não alcançará a autonomia cientifica sem um programa como esse”, defendeu Cara.

A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), ressaltou que “outros países, entre os quais aqueles que os conservadores tanto admiram, os países asiáticos, os tigres, todos eles têm programas que enviam seus jovens graduandos para potências científicas”.

Segundo Salomão, “esse processo de imersão é qualificante, é um processo que diferencia”. Ela ainda ressalta que o programa não é invenção brasileira, visto que há sistemas análogos em países como Coréia e Japão.

A deputada mineira ainda ressalta que “o corte nesse programa mais uma vez representa a mediocridade de quem hoje está à frente do Ministério da Educação”.

Para Daniel Cara, “o problema do governo Temer é ser incapaz de corrigir o que estava dando errado. É um governo ilegítimo que só tem uma pauta, a destruição. Por isso é preciso alcançar logo eleições diretas ou ter a sorte de atravessar os dias até 2018 para ter um governo legítimo”.

Outros cortes

No final de 2016, o governo golpista de Temer cortou em 50% as verbas para asolimpíadas escolares de conhecimento – de Matemática, Astronomia e História, entre outras. Maior competição do gênero no País, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) é financiada pelo Instituto Nacional de Matemática Aplicada (Impa) e custa cerca de R$ 50 milhões. Além da competição, a Obmep também tem cursos de formação e capacitação para professores de Matemática, que também sofreram com a redução de custos.

Neste semestre, o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), sofreu corte em 29% das bolsas concedidas. Também foi reduzido o limite de financiamento por curso, de R$ 42 mil para R$ 30 mil a cada semestre, dificultando a vida de quem busca o financiamento para cursos mais caros como os de Medicina e Odontologia.

A presidenta da UNE, Carina Vitral, comentou que quem mais precisa do programa será a maior vítima. “O impacto maior será na vida dos mais pobres, sem o financiamento não há possibilidade desse jovem acessar o Ensino Superior”, alerta.

Por Pedro Sibahi, da Redação da Agência PT

(Leia matéria original aqui .)

Copa de 2022 no Qatar tem lado sombrio com 964 operários mortos

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/derspiegel/2014/06/12/copa-de-2022-no-qatar-tem-lado-sombrio-com-964-operarios-mortos.htm

Christoph Scheuermann

  • AP Photo/HIA

    Sede da Copa do Mundo de 2022, o Qatar acaba de inaugurar seu mais novo aeroporto, localizado na cidade de Doha e cuja construção consumiu 15 bilhões de dólares Sede da Copa do Mundo de 2022, o Qatar acaba de inaugurar seu mais novo aeroporto, localizado na cidade de Doha e cuja construção consumiu 15 bilhões de dólares

O Qatar está gastando bilhões na construção de hotéis, metrô, shopping centers e estádios para a Copa do Mundo de 2022. Mas aqueles que trabalham nos projetos são mal remunerados e mal alojados. E alguns deles nem podem partir.

Sob seus capacetes, os operários que trabalham nos canteiros de obras no Qatar usam balaclavas finas de algodão como proteção contra o frio matinal e o sol do meio-dia. A peça de vestuário preferida tem apenas uma abertura fina para os olhos, fazendo com que a cidade pareça estar sendo erguida por fantasmas. Mas os homens estão encarregados de transformar o Estado do Golfo em um paraíso cintilante, completo com hotéis, prédios de escritórios, shopping centers e estádios de futebol. E a primeira coisa que o deserto tira deles é seus rostos.

Ganesh era um desses fantasmas. Ele já voltou para sua família no sudeste do Nepal. Ele mal podia esperar para partir do Qatar. Ganesh prometeu a si mesmo nunca mais botar os pés no deserto.

Mas em um início de noite de primavera, a viagem de volta para casa de Ganesh ainda o aguardava. Ele estava estirado exausto em sua cama, na periferia de Doha, após concluir seu turno. O cômodo tinha apenas 16 metros quadrados e fornecia abrigo para 10 operários. Com o ventilador quebrado e a janela selada com papel alumínio, o ar era denso e pesado. Do lado de fora, um gerador a diesel roncava. Foi apenas com grande esforço que Ganesh, um homem alegre e um tanto tímido de 26 anos, com cabelo preto liso até seus ombros, conseguiu conter sua frustração e fadiga.

O prédio é um bloco de concreto cinzento localizado em uma parte de Doha onde a cidade dá lugar a conjuntos habitacionais, estacionamentos de ônibus e depósitos de fábricas. No mapa, a área é simplesmente rotulada de “zona industrial”. Mas ela é lar de milhares de operários sem rosto, o local onde comem e dormem. No prédio de Ganesh, 100 operários estão abrigados em três andares, longe dos hotéisreluzentes no centro da cidade. Eles vivem à margem de um sonho que os xeques querem tornar realidade.

Parte desse sonho é a Copa do Mundo de 2022, que o país foi escolhido para sediar. Até o momento, nenhuma das novas arenas esportivas planejadas para o evento está concluída, apesar das obras terem começado em um canteiro ao sul de Doha, para o Estádio Al-Wakrah. Mas uma Copa do Mundo exige mais que apenas estádios. Hotéis, estradas, pontes, parques e uma ampliação do metrô também são necessários. São nesses projetos que homens como Ganesh atualmente trabalham, mesmo que os organizadores aleguem que as estruturas não estão diretamente ligadas ao torneio de futebol, que será realizado daqui oito anos. O comitê da Copa do Mundo quer evitar a impressão de que o esforço para trazer o futebol ao deserto já tenha custado centenas de vidas.

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Qatar compra estátua de cabeçada de Zidane em Materazzi em final da Copa8 fotos

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04.10.2013 – A estátua se chama ?Coup de Tête? e estava exposta em Paris no ano passado Leia mais Karim Jaafar/Al-Watan Doha/AFP Photo

Importante o bastante para se morrer por isso

Apenas nos anos de 2012 e 2013, 964 operários da Índia, Nepal e Bangladesh morreram no Qatar, um total confirmado pelo governo qatariano. Um número significativo de homens morreu no verão, vítimas do calor ou de acidentes de trabalho, levando muitos a se perguntarem como um torneio de futebol pode ser tão importante a ponto de pessoas morrerem por ele.

Para piorar ainda mais, há novos indícios, divulgados na semana passada pelo jornal “Sunday Times” britânico, de corrupção na escolha do Qatar para receber a Copa do Mundo de 2022. Mohammed Bin Hammam, um ex-dirigente do futebol qatariano, teria subornado membros do comitê executivo da FIFA. Ele teria distribuído um total de US$ 5 milhões para vários membros africanos da FIFA para assegurar o voto deles a favor do Qatar em 2010. Mas por mais absurda que seja a decisão de realizar um torneio de futebol no deserto, são homens como Ganesh que agora devem sofrer as consequências.

Em seu quarto, com baratas correndo pelo chão, cerca de três dúzias de homens se reuniram, todos descalços. Os operários discutiam por que os quartos ainda estão lotados, porque os toaletes ainda eram imundos e por que suas refeições não eram satisfatórias. Afinal, a Anistia Internacional tinha publicado as condições miseráveis em novembro. Mas de lá para cá, a situação não melhorou muito. Há apenas três banheiros em um prédio para 100 operários, disse um dos homens. Outro se queixou de que trabalhadores de ajuda humanitária realizam frequentemente entrevistas, mas nada muda. Um operário do oeste do Nepal disse que estava trabalhando ali desde meados de novembro, mas ainda não tinha recebido seu primeiro contracheque. Os homens foram se tornando mais ruidosos até que Dipak, um supervisor mais velho, pediu para que alguns operários saíssem. Ganesh parou de falar; ele não gostou do fato de alguns de seus colegas terem levantado suas vozes.

Leonhard Foeger/Reuters

Protesto coloca milhares de capacetes em frente a embaixada do Qatar, na Áustria, para lembrar mortes durante construções para a Copa de 2022

 

Todos têm medo. Todos temem ser o próximo a sucumbir à maldição do deserto. Cerca da metade os 1,4 milhão de trabalhadores migrantes no país são da Índia e Paquistão, com 16% provenientes do Nepal. Os demais vêm da Índia, Filipinas, Egito e Sri Lanka.

Os homens se arrastam em resignação silenciosa até os canteiros de obras, mesmo quando seus corpos doem. “Às vezes sinto tanta tontura de manhã que não consigo levantar”, disse Ganesh discretamente, como se estivesse reconhecendo uma fraqueza. Para cada dia que ele não trabalha, 5% de seu salário mensal é descontado. Ele disse ter vindo voluntariamente, mas sua situação legal não é muito melhor que a de um escravo.

Muitas construtoras no Qatar tratam seus operários como se os possuíssem, um produto principalmente das leis trabalhistas do país. Todo estrangeiro que deseja trabalhar aqui precisa provar que tem um patrocinador no país, como previsto pelo chamado sistema Kafala. Sem a permissão do patrocinador, os operários não podem mudar de emprego e nem deixar o país. Sindicatos também são proibidos.

Esquecendo-se de como rir

Um dos homens se chamava Ram Achal Kohar, mas era chamado de Anil. Com 26 anos, ele cresceu em um vilarejo próximo da cidade nepalesa de Siddharthanagar, a sudoeste de Katmandu. Vestindo bermuda, camiseta e sandália de dedo, de longe ele parecia um turista que se enveredou em uma favela por engano. Ele chegou há dois anos, cheio de humor e sempre pronto para uma piada. No Qatar, ele esqueceu como rir.

Diferente de Ganesh, Anil não tinha emprego, consequentemente estava amargo e desesperado. Com esposa e dois filhos em casa no Nepal, ele parecia muito mais velho que Ganesh, apesar de terem a mesma idade. Em um domingo deste ano, ele se sentou à beira de sua cama para contar sua história.

Sua empresa, disse Anil, venceu a licitação em 2012 para concluir o interior da Torre Bidda, em Doha. Quando ele entrou no prédio pela primeira vez, ele era pouco mais que uma casca. Agora, a federação de natação, a federação de futebol e o comitê responsável pela Copa do Mundo têm escritórios na torre graciosamente torcida.

Anil trabalhava como eletricista, instalando as luzes no teto e os interruptores dimmer, assim como toda a fiação. O cliente queria que tudo fosse branco: mesas, cadeiras, pisos, paredes. Anil se orgulha do trabalho que fez e ainda mantém salvas em seu celular as fotos do prédio. Vastas mesas brancas de conferência podem ser vistas ao lado de luminárias elegantes e mármore claro. O xeque Jassim al Thani, filho de um ex-emir do Qatar, atualmente estaria utilizando o espaço. Anil, por sua vez, não tem dinheiro nem para comprar uma passagem de volta para casa. E falta regularmente energia elétrica em seu barraco.

Os salários vencidos devidos aos operários somam cerca de 300 mil euros. Um representante da Lee Trading & Contracting enviou uma carta de lembrete ao proprietário do prédio em setembro passado, mas até o momento os operários não receberam uma resposta satisfatória, muito menos o dinheiro. Anil tinha 2.200 euros a receber, além da passagem de volta para Katmandu. Ele acreditava que não veria o dinheiro se partisse do Qatar. De modo que decidiu permanecer no país. De vez em quando, doadores chegam com um caminhão cheio de pão, batatas, carne e legumes para ajudar os homens nos barracos a sobreviverem.

A última vez que Anil conseguiu enviar dinheiro para sua família em casa foi em outubro, mas não foi muito. Seus dois filhos, de 5 e 7 anos, vivem com sua esposa Punam, sua mãe e sua avó em uma única casa. “Elas tiveram que tomar um empréstimo”, disse Anil, acrescentando que era embaraçoso para ele não poder alimentar sua família, mesmo não sendo sua culpa. Para ganhar alguns riais, ele começou a trabalhar recentemente como diarista. Ele faz algum trabalho de carpintaria ou instala portas em residências particulares por 18 a 20 euros por dia.

O dia de trabalho de Ganesh começava às 3h30 da madrugada. Após levantar, ele se lavava rapidamente usando uma torneira ao lado dos toaletes e seguia meio sonolento para a cozinha, situada no térreo de um prédio vizinho. Dois cozinheiros ficavam diante de caldeiras imensas e Ganesh enchia seu pote de estanho com sopa, arroz, carne e pão. Ele levava o pote consigo ao canteiro de obras. Aquilo tinha que sustentá-lo até a noite.

A empresa para a qual trabalhavam Ganesh e outros homens na Rua 33, da zona industrial, os vê como pouco mais que ferramentas, não diferentes de uma escavadora ou trator, que podem ser transferidas de um canteiro de obras para outro. Homens que foram contratados para assentar pisos se veem cavando fundações no deserto; carpinteiros são usados como pedreiros ou instaladores de carpete. Dificilmente alguém se queixa, por temer perder o emprego. Ganesh chegou a Doha como eletricista, em fevereiro de 2012. Seu chefe o colocou como operário de andaime.

Ganesh já estava trabalhando há duas horas quando Anil entrou na sala no sexto andar do tribunal de Justiça de Doha, localizado a poucos metros da Torre Bidda, onde Anil antes trabalhava. Juntamente com alguns colegas de trabalho, ele entrou com processo contra a Lee Trading & Contracting na esperança de finalmente receber os salários devidos. Não foi uma decisão fácil para ele, porque teve que pagar uma taxa de 120 euros para dar entrada no processo na Justiça do Trabalho, quase metade do que tinha recebido no mês anterior.

Agora, Anil precisa comparecer ao tribunal em intervalos de poucas semanas e, toda vez que entra no prédio, ele espera que já tenha saído um veredicto. Mas ele geralmente ouve apenas “Inshallah (‘Se Deus quiser’) você receberá em breve seu dinheiro“. Anil odeia ouvir isso. Ele se pergunta quão doloroso seria para o xeque Jassim simplesmente transferir o dinheiro de sua conta para os operários.

Eram cerca de 50 homens vestindo camisetas e sandálias de dedo no tribunal e alguns deles levaram documentos em sacos plásticos. Era a sétima visita de Anil ao tribunal e ele torcia para a corte finalmente proferir sua decisão. Ele estava sentado na segunda fileira no lado esquerdo da sala. Diante dele estava o juiz, que não parecia ter mais que 35 anos. Um homem grande à direita passou a coletar os documentos dos trabalhadores, resmungou algo ininteligível, assinou os documentos e os devolveu. Nenhum dos casos foi discutido por mais de um minuto.

O problema não é o Qatar não ter leis trabalhistas. Elas simplesmente não são devidamente aplicadas pelas autoridades. Até recentemente, o Ministério do Trabalho tinha apenas 150 fiscais disponíveis e eles só conseguem checar um pequeno número de empresas que trabalham no emirado. De lá para cá o número aumentou, mas o número de canteiros de obras também. Nos próximos quatro anos, o Qatar pretende investir mais de 151 bilhões de euros em infraestrutura, o que tornará ainda mais difícil assegurar que as leis trabalhistas sejam cumpridas. Sepp Blatter, o presidente da FIFA, disse recentemente pela primeira vez que conceder a Copa do Mundo de 2022 ao Qatar foi “um erro”.

Tradutor: George El Khouri Andolfato

No MA, casa onde morou Aluísio Azevedo pode virar estacionamento

http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2014/03/no-ma-casa-onde-morou-aluisio-azevedo-pode-virar-estacionamento.html

Informação é do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
Instituto fez denúncia na noite de terça-feira (11) pelo Facebook.

A casa onde morou o escritor Aluísio Azevedo em São Luís pode virar um estacionamento, segundo denúncia feita na noite de terça-feira (11) pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) na página da instituição no Facebook. A postagem diz o seguinte:

“Veja o estado de deterioração que se encontra a casa onde residiu o escritor Aluísio Azevedo, fundador do naturalismo no Brasil e autor de vários obras clássicas da nossa literatura. Nesse mirante ele escreveu ‘O Mulato’. A casa está localizada à Rua do Sol, Centro, São Luís – Maranhão. Segundo informações, colhidas no local, está sendo preparada para funcionar um estacionamento de carros”.

Um texto assinado pelo vice presidente do instituto e professor de História Euges Lima, publicado no blog do instituto, explica que a postagem foi um meio encontrado pelo IHGM para iniciar um movimento para reverter a situação. Ele critica o fato da casa ainda pertencer a particulares e nunca ter se transformado em um museu.

“Além do atual estado avançado de deterioração do imóvel, existe ainda a suspeita de que a casa estaria sendo preparada para em breve servir de estacionamento, prática que vem ocorrendo sistemática nos últimos anos no Centro de São Luís, onde casarões, moradas inteiras e meias moradas de propriedade de particulares vão sendo demolidas ou desfiguradas para dar lugar a estacionamentos e nada é feito pelos órgãos ‘responsáveis’. Será que a casa onde Aluísio Azevedo escreveu “O Mulato” também terá o mesmo fim?”, acrescenta (leia a íntegra do texto aqui).

A casa fica localizada na Rua do Sol, na esquina com a Rua da Mangueira, no Centro Histórico da capital maranhense. A morada, segundo o IHGM, fica em meio ao conjunto histórico e arquitetônico intitulado como Patrimônio Histórico e Cultura da Humanidade pela Unesco há 17 anos.

O maranhense Aluísio Azevedo é considerado um dos maiores escritores do realismo e naturalismo brasileiro, autor de clássicos da literatura como ‘O Mulato’ e ‘O Cortiço’. Nascido em São Luís, foi na capital maranhense que ele escreveu parte de suas obras.

Ao G1, a Superintendência do Patrimônio Cultural (SPC), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), informou que a área está sob a custódia do Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Paisagístico (DPHAP/MA) da Secretaria de Cultura do Maranhão. O Iphan esclareceu ainda que todos os estacionamentos que funcionavam em áreas federais já foram fechados e acionados judicialmente.

Em nota, a Secma disse que reconhece e aimportância do casarão, e que a obra de recuperação do prédio foi embargada porque os proprietários não estavam seguindo as especificações do projeto de restauro aprovadas pela SPC.

Leia a íntegra da nota:
A Superintendência do Patrimônio Cultural (SPC), órgão vinculado a Secretaria de Estado da Cultura (Secma), reconhece a importância do casarão da Rua do Sol, esquina com Rua da Mangueira, onde morou o escritor Aluísio Azevedo.

Esclarece que a obra de recuperação do prédio foi embargada porque os proprietários não estavam seguindo as especificações do projeto de restauro aprovado pela SPC, através do seu Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico do Maranhão (DPHAP/MA).

Diante dos fatos supracitados, o Governo do Estado tomou todas as providências administrativas referentes ao caso, sendo a documentação encaminhada, posteriormente, aos órgãos competentes – Delegacia de Meio Ambiente e ao Ministério Público – para que fossem tomadas as medidas judiciais cabíveis.

Postagem feita pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em rede social (Foto: Reprodução/Internet)Postagem feita pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em rede social (Foto: Reprodução/Internet)

Biografia
Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís, em 14 de abril de 1857, e foi um romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro; além de bom desenhista e discreto pintor.

Irmão do dramaturgo e jornalista Artur Azevedo, seguiu carreira como diplomata, indo servir na Espanha, Inglaterra, Itália, Japão, Paraguai e Argentina. É fundador da cadeira nº 04 da Academia Brasileira de Letras e autor de vários romances de estética naturalista, como ‘O mulato’ (1881), ‘Casa de pensão’ (1884), ‘O cortiço’ (1890) e outros. Morreu em Buenos Aires, em 21 de janeiro de 1913.