Mês: agosto 2014

Laicismo não se discute em palanque eleitoral

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/laicismo_nao_se_discute_em_palanque_eleitoral

Por Alberto Dines em 26/08/2014 na edição 813

A questão do Estado laico está pronta para ser discutida. Ótimo, estamos atrasados mais de um século. Mas este não é o momento nem o momento oferece o formato para discutir uma questão desta importância e complexidade.

A falsa laicização do Estado brasileiro não pode ser discutida na arena eleitoral e templos não podem ser transformados em palanques. A questão é séria demais, perigosa demais para ser tratada por sacerdotes-marqueteiros e operadores políticos preocupados obsessivamente com projetos de poder.

Há suspeitas de que o debate está sendo preparado para prejudicar um, uma ou alguns candidatos à Presidência. Não será assim que se resolverá uma questão que nem mesmo a Constituição conseguiu clarificar suficientemente.

Arma de campanha

O Estado brasileiro é teoricamente laico, mas na pratica está longe disso. E este falso laicismo convém às confissões religiosas majoritárias – católicos e protestantes – que governos hábeis conseguem manipular sem, contudo, criar uma mentalidade secular democrática, estritamente isonômica, capaz de permear as instituições e completar o arcabouço do Estado de Direito.

O primeiro passo já foi dado por um poder autônomo, o Ministério Público Federal, ao anunciar na semana passada o início de investigações para coibir a prática do aluguel de horários na TV aberta para cultos religiosos. A TV aberta é uma concessão para a exploração de um bem público: o espectro de frequências.

O aluguel de horários na TV aberta é uma aberração antiga, escancarada, já poderia ter sido coibida. Não foi porque as emissoras-locadoras tornar-se-iam trincheiras da oposição como represália pela perda desta formidável fonte de receita e as confissões-locatárias (fortemente representadas na Câmara) abandonariam a base de apoio ao governo.

A investigação do Ministério Público deve prosseguir de modo a ser concluída depois das eleições. A pressa, no caso, só serve aos que não querem resolver o assunto e/ou pretendem usá-lo como arma eleitoral.

MAIS UMA VEZ NA TRAVE

Sábado, 22h30. Ainda sem conseguir digerir a vergonhosa goleada que o Clube de Regatas Vasco da Gama tomou em São Januário do Avaí, sentei na frente da tevê daqui de casa para acompanhar as 500 Milhas de Fontana, a última das 18 etapas da temporada 2014 da Fórmula Indy.

Foram 250 voltas num oval em forma de “D”, de duas milhas. É, eu sei: havia maneiras muito melhores de passar um sábado à noite. Mas não dava para perder a corrida. Primeiro, porque sou um incorrigível apaixonado por automobilismo. Desses que não perdem nem mesmo provas da Nascar, que são bem mais longas. Segundo porque em Fontana um brasileiro lutava pelo título, e a circunstância merecia um registro.

Ainda bem que não alimentei falsas ilusões em relação à corrida. Embora Helio Castroneves largasse da pole e Will Power da última fila do grid, quem entende de ovais sabe que é impossível para qualquer piloto nessas condições passar ainda em primeiro no fim dos 250 giros. Ainda mais com os monopostos basicamente equiparados em termos técnicos. Foi o que aconteceu ontem à noite, avançando pelo início da madrugada.

Para o telespectador, faltou emoção. E público também, no autódromo que Roger Penske mandou construir na Califórnia. Povo deveras reunido para ver o australiano Power sair da rabeira da fila, chegar em nono e selar seu título – depois de tanto bater na trave. Como dizem os otimistas, quem espera sempre alcança.

Helio Castroneves, pelo segundo ano consecutivo, ficou no famoso “quase”. Mas vamos e convenhamos: o regulamento da Indy, no quesito pontuação, é muito esquisito. Para ser campeão, o piloto nem precisa vencer uma corrida. Basta manter a tal da “regularidade”. Helio, por exemplo, ganhou apenas uma. Power apenas 3. Em Fontana, então, sequer tinha a obrigação de vencer. Contava somente com uma simples combinação de resultados. E o brasileiro – seu colega de equipe na Penske -, ainda que tivesse missão por demais complicada nessa briga, ainda contribuiu. Foi punido na parte final da prova e parou em 14º.

Outro que também teve motivos para comemorar foi o vencedor da 18ª etapa. Uma espécie de compensação para mim, por não ter desistido de Fontana, mesmo quando tivesse razões para tanto. Tony Kanaan mandou muito bem e chegou ao primeiro triunfo com o nº 10 da equipe Ganassi. Ficou em sétimo na classificação final. Pode fazer muito melhor na temporada que vem. Scott Dixon, seu parceiro de time, é piloto melhor, mas é claro que não se pode ter tudo.

“Não posso baixar a cabeça”. Foi o que Helio declarou à TV Bandeirantes. Tem razão. Antes de conquistar o título no sábado, o próprio Will Power já havia amargado três vices. E perdeu para si mesmo, em pelo uma dessas ocasiões. Em outras palavras: se não deu para Castroneves em 2013 e 2014, pode ser que em 2015 sua estrela enfim possa brilhar. Afinal, não se trata de qualquer piloto. Trata-se de um dos maiores vencedores das 500 Milhas de Indianápolis. Colocou seu nome na lista dos grandes astros.

Um dia a bola vai parar de bater na trave.

 

 

 

 

OS PRÓXIMOS CAMPEÕES?

Daniel Ricciardo e Valteri Bottas, num futuro não tão distante, poderão um dia ver seus nomes colocados na ilustre lista dos campeões da Fórmula 1?

         Pode acontecer, por que não? Ambos, de longe, são as grandes revelações do Circo na temporada atual. O australiano, que chegou em primeiro ontem na Bélgica, até agora foi o único a vencer corridas além dos “tubarões” da Mercedes. Foi um barato ver seu sorriso tamanho cabide no lugar mais alto do pódio. Salve, salve, simpatia.

         Valteri, por sua vez, colocou Felipe Massa no bolso. O pessoal da Globo não fala, mas hoje o finlandês é o primeiro piloto da Williams. Fez por merecer ter o melhor equipamento. É rápido, arrojado, não tem medo de cara feia e, na hora de negociar as ultrapassagens, parte para dentro do carro à frente. É o que o telespectador quer ver, ao se posicionar na frente da tevê (pelo menos aqui no Brasil) às nove da manhã de domingo.

         Mudanças fazem parte do grande esquema da vida. A Fórmula 1, no entanto, é um bocado resistente a elas. A rotatividade de pilotos nas equipes de ponta é quase tradicionalmente nula. Zero. Quanto tempo até Magnussen chegar ao cockpit da McLaren? Quanto tempo até Jenson Button – que já tem seu nome anotado na história da categoria – decidir pendurar o macacão? Em Spa, ficou evidente sua falta de apetite em batalhar por posições. Outro exemplo: a Ferrari já anunciou Raikkonen e Alonso como seus pilotos para o ano que vem.

         Por isso considerei muito interessante a decisão da Toro Rosso de contratar Max Verstappen, que tem apenas 16 anos, como o próximo companheiro de escuderia do também muito jovem e talentoso Daniil Kyviat. Discordo de Rubinho: não seria uma boa para o filho do Jos correr numa categoria menor em 2015, para que ele cometa erros que na F-1 não seriam admitidos.

         Vejo de outra forma: por que não dar a Max o referencial máximo? Por que não colocá-lo, logo de cara, para nadar com peixes maiores? Pelo que sei, mesmo sendo um garoto, ele tem condições de sobreviver ao Circo. Pode ser que surpreenda e daqui a uma década também seja campeão mundial.

         E por que não colocar Felipe Nasr nessa lista? Por que alguma das equipes de porte médio da Fórmula 1 não o contrata para 2015? O brasileiro tem mostrado na GP2 que é um baita piloto e merece mais que a condição de piloto de testes da Williams. Talvez não consiga superar Jolyon Palmer na pontuação final, mas colocou a faca nos dentes, nesse sentido.

         São apostas. O esporte, de maneira geral, vive mais delas do que de certezas consolidadas.

10 fotografias raras e reais de escravos brasileiros há 150 anos

http://somentecoisaslegais.com.br/arte/fotografia/10-fotografias-raras-e-reais-de-escravos-brasileiros-ha-150-anos-atras?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_super

Estas imagens, tiradas há mais de 150 anos, são registros únicos de uma das épocas mais cruéis da sociedade brasileira. Quando estudamos sobre a escravidão no Brasil, temos acesso a ilustrações, encenações e, é claro, descrições do período na literatura. Desta vez, poderemos observar imagens que mostram realmente pessoas da época que eram submetidas à escravidão.

Quando nos deparamos com o post do blog História Ilustrada e nos surpreendemos com a qualidade das imagens, decidimos também mostrar aqui esse conteúdo tão importante – e lamentável – da história brasileira.

O que tornou possível tamanha riqueza de imagens de época, segundo o SITE, foi o interesse do Imperador Pedro II pela fotografia, o que tornou o Brasil um dos países em que primeiro se desenvolveu esta prática.

Todas as fotos são do período entre 1860 e 1885 e têm como fonte o Acervo Instituto Moreira Salles, de onde ainda pretendemos escrever alguns posts sobre outros assuntos históricos. :)

Senhora na liteira (uma espécie de "cadeira portátil") com dois escravos, Bahia, 1860 (Acervo Instituto Moreira Salles)

Primeira foto do trabalho no interior de uma mina de ouro, 1888, Minas Gerais. (Marc Ferrez_Acervo Instituto Moreira Salles)

 
 

Negra com uma criança branca nas costas, Bahia, 1870. (Acervo Instituto Moreira Salles)

Negra com o filho, Salvador, em 1884 (Marc Ferrez_Acervo Instituto Moreira Salles)

Lavagem do ouro, Minas Gerais, 1880. (Foto- Marc Ferrez_Acervo Instituto Moreira Salles)

 
 

Foto da Fazenda Quititi, no Rio de Janeiro, 1865. Observe o impressionante contraste entre a criança branca com seu brinquedo e os pequenos escravos descalços aos farrapos (Georges Leuzinger_Acervo Instituto Moreira Salles)

Escravos na colheita do café, Rio de Janeiro, 1882 (Marc Ferrez_Acervo Instituto Moreira Salles)

Escravos na colheita de café, Vale do Paraíba, 1882 (Marc Ferrez_Colección Gilberto Ferrez_Acervo Instituto Moreira Salles)

 
 

Quitandeiras em rua do Rio de Janeiro, 1875 (Marc Ferrez_Acervo Instituto Moreira Salles)

A Glória, vista do Passeio Público, Rio de Janeiro, 1861 (Revert Henrique Klumb_Acervo Instituto Moreira Salles)

BBC exibiu episódio de “Family Guy” com Williams e tentativa de suicídio

http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2014/08/12/episodio-de-desenho-sobre-williams-e-suicidio-foi-exibido-pela-bbc-nesta-2.htm

O público da emissora britânica BBC Three ficou chocado com uma “estranha coincidência” na noite desta segunda-feira (11), quando foi dada a notícia de que Robin Williams havia morrido em um aparente suicídio na mesma hora em que era exibido um episódio da série de animação “Family Guy”, que era centrado no ator e terminava com uma tentativa de suicídio do protagonista, informou o jornal “The Independent”.

O episódio “Fatman and Robin” (“homem gordo e Robin”, em livre tradução, cujo título é uma alusão à dupla de super-heróis “Batman e Robin”) mostra o personagem Peter Griffin amaldiçoado com a habilidade de transformar tudo o que toca no ator Robin Williams, após ele acusar Deus de odiar o ator durante uma tempestade de trovões.

Enlouquecido com essa situação, Peter tenta cometer suicídio.

Reprodução

Cena do desenho “Family Guy” que mostra o ator Robin Williams

O episódio do desenho terminou apenas alguns minutos antes de ser dada a notícia da morte de Williams. Telespectadores logo se manifestaram  no Twitter sobre essa coincidência. Logo depois, a BBC anunciou que o episódio não seria reprisado durante esta semana.

“O episódio terminou assim que a notícia sobre sua morte foi dada”, disse um porta-voz da BBC. “Foi uma reprise que foi exibida algumas vezes, então quem poderia prever isso? Estava agendado há mais de duas semanas atrás, então é só uma estranha coincidência”, declarou o porta-voz, acrescentando que o episódio, que faz parte da décima temporada da série,  estava planejado para ir ao ar novamente na nesta sexta, mas não será mais mostrado.

Em “Family Guy”, Williams é o comediante favorito de Peter Griffin. O ator Seth McFarlane, criador da série e dublador do personagem, fez nesta terça (12) uma homenagem ao ator, dizendo: “O mundo acaba de ficar menos engraçado. Robin Williams é uma perda trágica”.